Em 06/08/2013 às 09h14

Biotipo: detalhe que faz a diferença

Atenção!Não podemos desprezar e nem ignorar esse importante requisito pararevelação de atletas, que atende pelo nome, ainda pouco valorizado pela maioria dos profissionais do esporte brasileiro: o biotipo. O dicionário define essa palavra como:“Expressão que indica a síntese ou conjunto das características vitais da pessoa nos seus diferentes aspectos. Grupo de pessoas que possuem o mesmo genótipo ou constituição hereditária fundamental”. (Dicionário da língua portuguesa Cândido de Oliveira)Infelizmente esse detalhe não é muito levado em conta pelos nossos treinadores na seleção de atletas. Não podemos subestimá-lo. Os resultados têm nos mostrado que o equívoco dessa importante particularidade poderá nos levar à frustração nos resultados finais. O biotipo é um dos fatores que irá determinar a modalidade esportiva que os atletas deverão praticar ao iniciarem a carreira. No Brasil, entretanto, somente no início da década de 90, passou-se a dar a devida importância a isso. Contudo, nos países de primeiro mundo, onde há efetivamente uma política de esporte definida e a simbiótica integração da ciência e da medicina esportiva, essa peculiaridade já era priorizada, estudada e respeitada entre treinadores e dirigentes esportivos. Infelizmente, por aqui, ainda se trabalha de forma romântica, empírica e amadorística. Àqueles que não respeitam as individualidades biológicas, dou um recado:desconsiderar o biotipo na escolha de atletas para esporte de ponta é sinônimo de fracasso, decepção e perda de tempo. Naturalmente, estamos nos referindo a atletas que serão preparados para o esporte de alto rendimento. Os treinadores deverão ter muita cautela na escolha do material humano ao iniciar uma turma para treinamento competitivo. Enquanto as coisas óbvias podem ser vistas de olhos fechados, os pequenos detalhes exigem os olhos bem abertos. São os pormenores que demarcam a fronteiraentre o êxito e o fracasso: Os pequenos detalhes é que fazem a diferença.Ao lidar com as pessoas, precisamos perceber e respeitar as diferenças individuais (individualidades biológicas). No mundo ninguém é igual a ninguém. Em um mesmo grupo de atletas, um craque de futebol pode, em uma prova de natação, chegar vários metros atrás de um “perna de pau”. Os dois poderão perder de outro atleta no tênis de mesa e por fim, os três poderão ser derrotados em uma partida de basquete, ao final da tarde. Uma pergunta corriqueira nos meios esportivos: por que determinados atletassobressaem mais que outros? A resposta não é tão difícil assim. Além de outros fatores serem determinantes, como por exemplo, talento e dedicação, com certeza, o biotipoainda é o principal fator que determina o sucesso do atleta. A Metodologia EsportivaModerna sugere: não devemos contrariar as características individuais dos atletas, sob

pena de fracasso no alcance dos objetivos, sem mencionar a frustração do técnico e, principalmente, dos atletas e familiares. A “Lei da Seleção Natural” é inexorável à vida.De maneira implacável, ela se encarrega de selecionar os mais fortes e melhores em quaisquer atividades da vida. Curiosamente, esporte não é diferente.Com a extraordinária evolução do esporte nacional e internacional, principalmente o voleibol, com a participação de atletas, cada vez mais altos e mais fortes, os praticantes de baixa estatura não têm a menor chance de se destacar. Cada modalidade esportiva requer um biótipo específico Por exemplo: basquetebol e voleibol requerematletas com características longilíneas (quadril alto, pernas e braços compridos, tornozelos finos e estatura em torno dos 2,00m no final adolescência e início da fase adulta). Caso o atleta não apresente esses requisitos, ouso afirmar que não irão muito longe nesses esportes. Não é fácil encontrar indivíduos com essas características, principalmente no Brasil, onde a média de altura da população está abaixo de 1,70m.Para evitar serem enganados e iludidos, os pais deveriam, no início da carreira esportiva dos filhos, serem orientados pelos treinadores sobre suas possibilidades de alcançarem sucesso nessas modalidades esportivas. Já dizia meu pai: “é preferível ficar vermelho na hora do que amarelo a vida toda”. Nesse caso, o treinador estaria sendo honesto, não só com ele próprio, mas principalmente com os atletas. Os pais que desejam que o filho seja isso ou aquilo, devem prestar atenção nesse adágio: “Afinal, nem todos os caminhos são para todos os caminhantes”. Não existe um biotipo universal. Particularidades à parte, futebol de campo e o futsal, esportes, talvez, os mais democráticos dentre todos praticados profissionalmente, são os que permitem atletas de biotipos mais variados. No entanto, temos observado, dentre os treinadores dessas modalidades, a preferência por atletas mais altos e mais fortes.Os atletas de potencial, com possibilidades de se destacar para o esporte profissional, deverão ter um enfoque diferente dos atletas sem aptidão. O esporte não deve ser encarado somente como atividade competitiva, tendo em vista que a maioria esmagadora dos atletas que iniciam a carreira esportiva não possui biotipo adequado, talento e sequer aptidão para o esporte escolhido. Nesse caso, deveriam praticá-losrecreativamente.Ao contrário do que se imagina, esporte não altera o biotipo e nem as características genéticas dos indivíduos. Nos dias de hoje, ainda existem pessoas que acreditam que o voleibol e basquetebol podem fazer a criança crescer. Ingênua ilusão!Pior, alguns acreditam até em remédios milagrosos para crescimento. Lembrem-se:ninguém cresce além de seu potencial genético, definido por sua herança familiar.Quanto a medicamentos para alterar o crescimento, costumo dizer: é igual à história da carochinha: uma grande mentira! Porém, prestemos bastante atenção ao uso equivocado e, às vezes, irresponsável dos anabolizantes (medicamentos à base de hormônios masculinos – testosterona). Sem dúvida nenhuma, esses medicamentos produzem o efeito desejado em curtíssimo espaço de tempo aos simpatizantes da hipertrofia muscular e força física, entretanto, não altera o biótipo dos atletas. Na verdade, seu uso

só aumenta a massa muscular, mas cuidado, pois suas conseqüências podem ser desastrosas à saúde humana. Dia desses, lendo um jornal de grande circulação em BH, deparei-me com a manchete: “Argentina é campeã no Mundial Sub-20” (campeonato mundial de futebol realizado em Utrech, Holanda – atletas com até 20 anos de idade). Ao ler o texto, fiquei estupefato com seu conteúdo. Em determinado parágrafo, um trecho dizia: “... O principal jogador da campanha Argentina foi o atacante Lionel Messi, do Barcelona. O jogador se transferiu para o time catalão aos 13 anos porque nenhum clube de seu país quis pagar um tratamento de crescimento...” Portanto, não somos apenas nós que ainda acreditamos no “milagre do crescimento”.Também “los hermanos” acreditam nesse engodo. Convenhamos: esporte competitivo não é brincadeira e tampouco recreação. Esporte de alto rendimento vive de resultados. Nessa linha de raciocínio, não podemos preocupar com outras coisas que não sejam resultados positivos.