Em 06/08/2013 às 09h18

Como interpretar as críticas esportivas.

Todos nós estamos sujeitos a críticas, mas, será que sabemos lidar com elas? Em um primeiro momento, uma crítica sobre o nosso desempenho pode nos deixar constrangidos, já que o desempenho profissional está sendo avaliado pelos colegas ou superiores. Quando a observação é boa, ficamos contentes. No entanto, quando o comentário soa como um “puxão de orelha”, temos a tendência a ficar indignados e até furiosos. Antes de se render à indignação, é preciso avaliar e perceber a intenção da crítica: se é construtiva ou depreciativa, se procede ou não. Apesar da sensação desconfortável provocada pelo conteúdo da crítica, passar despercebido pode ter um significado bem pior. O que ouvimos de terceiros deve ser encarado como feedback do nosso desempenho. A lisonja faz amigos, a verdade, inimigos.A propósito, no esporte, assim como em quaisquer atividades profissionais, temos de conviver com as críticas. Os profissionais do esporte que mais sofrem críticas são os técnicos e atletas. O desempenho desses profissionais são constantemente avaliados pelos dirigentes, torcedores, imprensa etc. Todavia, com absoluta certeza, a maior vítima das críticas são os treinadores. Sem dúvida, é a profissão mais ingrata que existem no esporte, visto que sempre se espera dele a solução para fazer de um time um vencedor. Quando os técnicos estão desempregados, eles precisam brigar para não caírem no ostracismo e retomar o palco das críticas e elogios. No futebol, sobretudo, é clássica essa situação. Os árbitros também são alvos de severas críticas, na maioria das vezes, para justificar maus resultados de alguns clubes. É bem mais cômodo culpar as arbitragens do que reconhecer possíveis falhas das equipes. Diz o dito popular: “Se você é capaz de sorrir quando tudo deu errado, é porque você sabe em quem colocar a culpa”. Sobre a arbitragem, é um assunto que merece um texto à parte.Infelizmente, adotamos o seguinte slogan: “quando a equipe vence, é por méritos dos jogadores, entretanto, quando perde, é, por culpa, exclusiva dos técnicos”. Precisamos inverter essa equação. Já dizia meu pai, Adolfo Guilherme, muitos anos atrás: “desde que os méritos das vitórias pertençam a todos, as derrotas, por justiça, são também por culpa de todos”. Na prática, infelizmente, não é assim. Nas vitórias tudo são flores, mas nas derrotas...Pior, em se tratando de atividades esportivas, as críticas e até mesmo os elogios são sempre carregadas com uma forte dose de emoção. No esporte, as opiniões são sempre emitidas com intenso apelo do coração, quase nunca com a razão. Por isso, todo cuidado é pouco com as críticas e elogios esportivos. Muitas das vezes elas são falsas. Mas, se porventura as críticas procederem, devemos aceitá-las com humildade. Sigmund Freud afirmava: “Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio”.Nenhum atleta gosta de ouvir que errou ou que seu desempenho técnico está aquém de suas possibilidades. É difícil assumir as próprias falhas, principalmente quem vive em ambientes competitivos como o esporte, em que a meta é sempre sobrepujar os adversários. No entanto, criticar e ser criticado faz parte da vida, principalmente no mundo esportivo. Assim é imprescindível aprender e ouvir, selecionar as informações, classificá-las e usá-las em benefício próprio. Da mesma maneira, é fundamental aprender e agir com respeito e coerência na hora de criticar os nossos semelhantes. Muitas vezes, as críticas são meramente por inveja de nossos oponentes ou de quem, sem querer, estejamos incomodando. Interessante ressaltar: os problemas e

mazelas são, exatamente, as mesmas em todas as modalidades esportivas. O que muda nos esportes é, simplesmente, a maneira de praticá-los.No mundo esportivo, infelizmente, somos surpreendidos com a inveja. Pior, até dos amigos. É mais vergonhoso desconfiar dos amigos do que ser enganados por eles. Mas uma pessoa honesta pode ser enganada facilmente. As aparências enganam. E como enganam! Em qualquer atividade da vida é inevitável a rivalidade entre aqueles que se destacam ou estão na eminência de se sobressair. No esporte, isso acontece com muita freqüência. Sendo assim, com certeza, às vezes, somos alvo das críticas maldosas. O prazer em falar mal e criticar alguém existe porque equilibra o mal-estar do invejoso diante da alegria, sucesso ou competência do outro. O maledicente sofre de profunda inferioridade ao ter de aturar o brilho e sucesso das outras pessoas. O sucesso alheio incomoda muito os indivíduos medíocres.O ambiente esportivo, em que o dinheiro, a vaidade e o prestígio acirram a competição, algumas pessoas perdem o escrúpulo e a vergonha e se deixam cair na armadilha da mesquinharia e fazem críticas descabidas com único intuito de prejudicar seu semelhante. “A competitividade revela o melhor dos produtos e o pior das pessoas”. Lembrou David Sarnoff. O relacionamento entre atletas, técnicos e dirigentes pode ser carregado de más intenções, (deslealdade, intriga, ingratidão, covardia, despeito, traição, inveja, egoísmo, ambição, vaidade, maldade, vingança e fofoca). A “trairagem” , como é conhecida no meio esportivo, já magoou amigos, perdeu títulos e destruiu muitas carreiras promissoras. Entretanto, o atleta maleável que entende a crítica construtiva como uma ajuda, tende, sem dúvida, a desenvolver bem mais rapidamente do que o atleta teimoso. A teimosia e a falta de humildade em aceitar as críticas, em qualquer atividade da vida, é prejudicial para quem a faz.Portanto, saber aceitar críticas, quando justas, e tirar proveitos delas é uma ótima qualidade. Entretanto, àqueles que se recusam em aceitá-las, poderão, no futuro, serem prejudicados. “O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinado pelo elogio, a ser salvo pela crítica”. Observou Normam Vincent Peale -1898 - 1993.